Via Anhangüera
Lembra das noites na Anhangüera
Lua cheia, lua crescente, lua nova.
Noites escuras e de estrelas
Você me ensinou nomes tão belos
Aldebaran , Altair, Antares
Ainda hoje olho para o céu digo em silencio:
Via Láctea, via Láctea.
Voltando para casa viajamos com Siddhartha para um oriente distante
Tantos outros amigos invisíveis
Fomos os sete samurais e passeamos nas noites de Cabiria
Vimos crescer as plantações de luzes num piscar de olhos às margens da estrada
As crianças que você carregou no colo se tornaram jovens e eu sei que te amam
Milhões de estrelas novas nasceram e estão nascendo neste instante
Vamos viajar juntos de novo
Existe uma estrada a espera que nos levará a uma outra grande cidade
Veredas de luzes
Vamos partir em busca do tempo perdido
Recuperar os pequenos gestos de uma grande amizade
Lembra? Das distantes e maravilhosas nuvens que você disse que disse o Baudelaire
E quando fomos ver o cometa Haley, batizamos o lugar de “Zona do cometa” e prometemos que o veriamos de novo dentro de setenta e seis anos.
Ensina-me de novo os nomes das plantas que curavam de tudo
Vamos ver a sorte nas cartas da Dona Eliza e você me contará o que disse o Tarô da Dália
Vamos caminhar pela estrada de Tambaú, cruzar a linha do trem e ver o por do sol na lagoa dos trilhos.
Lembra de que sempre comentávamos sobre os livros que passavam de mão em mão e das frases nos rodapés e sobre versos pinçados.
"Hão de chorar por ela os cinamomos"
Existem muitas coisas belas dormindo nos porões da memória meu amigo,
Como disse Borges, somente o passado é real.
Dedicado ao meu amigo Alemão
Companheiro de viagem