EU VOS SAÚDO, AMIGOS MEUS
Republicação – Texto de 29 de junho de 2012
Eu vos saúdo, amigos meus,
pelas partilhas nesta seara
que nos coube e que nos cabe
de sonhos perdidos
de sonhos semi-salvos
de dilúvios, de largos incêndios
neste banquete para mendigos
para ávidos e para parcos
para os que não se sabem
para os intoxicados de si mesmos
para os que se preenchem de espera
para os nostálgicos
para os que têm certezas
para os que abdicaram de tudo
para os que acompanham
todas as fases da Lua
e se consolam
para os que se calam
cântaros cheios de séculos
e de atropelos
nos vãos escorregadios das coisas.
Eu venho para saudar-vos
amigos meus, varões e senhoras,
com vossos pressentimentos
e calmarias repentinas.
Venho para saudar-vos.
Repartamos o gesto possível
a vida possível
a aurora que consigamos tecer
toalha para a refeição da manhã
e o pôr-do-sol mais belo
o mais belo pôr-do-sol
para a devida tessitura das estrelas.
"De primeira" escrito no início da madrugada de 29 de junho de 2012, há pouco mais de dois anos. (Penso que isto seja algo semelhante a um poema. Será?)
Abraço de 08 de outubro de 2014 a todos, amigos. Zuleika.