A Linha

Que nos separa

Tem a espessura de um cabelo

Mas a resistência do mais duro aço

Tanto nos prende

Como não nos deixa aproximar

É ela que define o nosso espaço

Mas que pode ter também

A delicadeza de um papel

Que se for estimado

Uma eternidade pode durar

Ou ter antes a sua fragilidade

Porque bastam apenas algumas palavras

Para o poder queimar

Tão nítida

Que bem longe dela

Nela não posso deixar de reparar

E ao mesmo tempo

Tão clara

Quem sem o querer

Quando dou comigo

Estou-te a pisar

Uma linha

Que pode ser do destino

Ou uma linha banal

De uso comum

E que me serve para costurar

O conjunto de trapos

No qual me transformei

Quando te tive que abandonar

Porque quando te queria bem

Só fui capaz de te magoar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/09/2014
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