POESIA AMIGA

Ó, poesia amiga,

vens a mim

a todo momento

pela luz de Deus,

no clarão do dia

ou na escuridão

da noite; eu sei

que sempre vens,

tão linda e meiga,

em lírica visita,

doar-me a tua

boa vontade,

para ser feita

com carinho,

pela consciência

poética sensível

ao doce encanto

dos versos simples,

que deixas brotar

de seus vocábulos

dispersos, ocultos

na íntima morada,

feita de sonhos

em mera inspiração,

de quem não pode

deixar de compor-te.

Sim, amiga poesia,

eu sou o teu amigo

poeta de todas

as horas, que jamais

se separa de ti;

eu sei que já me

acompanhas de priscas

eras existenciais;

que te aprimoras

no casulo de minha

consciência artística,

do mesmo modo

que se lapida uma

pedra bruta, para

converte-la em pedra

preciosa; assim és,

inseparável amiga,

essa pérola achada

em cada instante,

pelo poeta que

te capta e te deixa

fluir serena como

filete de água

descendo da serra,

nutrindo algas,

peixes, animais,

gentes; e seguindo

por boqueirões,

vales, enseadas,

fertilizando o solo,

até o precioso

momento em que

possas adocicar

as águas salgadas

do imenso mar;

quando então, amiga

poesia, sobes pela

evaporação,

condensando-se

em brancas nuvens

leves, e depois em

escuras nuvens pesadas,

para despejar os seus

versos chuvosos,

que o sol seca-os

no clarão do dia, mas logo

renasces na escuridão

da noite, fluindo como

seiva poética pelas

plantas orvalhadas;

porque antes de brotar

em mim, e concluir-se

de mim, ó poesia

tão amiga, fostes e és,

o Deus sol e o Deus

chuva, tão essenciais,

à preservação da vida!

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 18/09/2014
Reeditado em 09/02/2017
Código do texto: T4966785
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