Sitiámos a Cidade
Rua por rua
Nada nos iria parar
Rua por rua
Onde o outro morava
Ou por onde costumava andar
Zonas proibidas
Que tínhamos que evitar
Cercámos os momentos
Estancámos as recordações
Não permitindo que o presente pudessem contaminar
Permitindo assim
Que o futuro tivesse espaço para respirar
O mesmo espaço
Negado por nós
Para nós
Espaço de quem no passado tinha sido o nosso Tudo
Mas que agora era o Nada
Mas com tal
Nada ganhámos
Nada alcançámos
A não ser ficarmos ainda mais sós
O futuro sem dúvida apareceria
Mas não com a claridade desejada
O futuro chegaria
Mas não conseguiria ver
O momento em que ele me tocou
Porque ele estava tapado pela tua sombra
Inofensiva
Mas que fazia doer
O futuro chegaria
Mas tal demoraria ainda uma eternidade
E ele só chegaria de facto
Quando desistíssemos de
Sitiarmos a Cidade