Elementar (versão longa)

Quero estar contigo

Até perder a vontade

De Água beber

Eu que gosto tanto dela

Porque os teus olhos se enchem dela

Quando depois de partir

Me voltas a ver

Em mares

Onde a nossa odisseia vai continuar

Em tempestades que nos separam

Para a acalmia

Nos voltar a juntar

Em rios

Cujo percurso conta a nossa história

De um nascimento

Invisível aos olhos

Que não fossem os nossos

Do crescimento

A que todos tiveram que reparar

Pela intensidade

Que muito depressa

Levou esse rio para o mar

Tão vasto

Que nos diluímos

E por fim tivemos que nos separar

Até a nossa Terra nada me dizer

Aquele lugar

Onde escolhi estar contigo

Até ao meu último pensamento

Até morrer

Mas a Terra

Será sempre o nosso berço

Lugar também

De crescimento

E por isso

Mesmo que tenhamos que partir

A Terra

E nós

Nunca iremos esquecer

Pensamento que nos aquece

Na solidão do Espaço

Pensamento que nos faz sentir acompanhados

Mesmo que nesse espaço estejamos sós

Até o Fogo deixar de queimar

Até se extinguir

O Fogo primordial

Que me faz considerar-te

Uma sem igual

Até esse fogo deixar de existir

Mas o fogo nunca acaba

Tem a duração das nossas vidas

Assim como tem diversas formas de arder

Como será diferente

Quando por outra

Uma chama minha se acender

Até perder a vontade de respirar

Aquele Ar

Puro como nenhum outro

E nada viciado

Que aprecio a tal ponto

Que posso dizer que o amo

Aquele Ar

Que só existe

Quando estou a teu lado

Um ar que nunca me falta

Não pode faltar

Mais uma metáfora sobre afectos

E assim quando partes

Ou quando estando de facto não estás

Sou eu que tenho que me ausentar

Para lugares

Onde não me falte esse ar

Claro que dói demasiadas vezes

A água por vezes

Vem em torrente

Com uma tal força

Que nos ameaça afogar

Á água é demasiado instável

Tanto pode ser o tal rio

Como o tal mar

Em estados que não domino

Embora o ponto de equilíbrio

Um estado normal

Seja aquilo

Que mais procuro alcançar

E a Terra parece tão pequena

Que sinto nela não ter o meu espaço

Embora seja no Espaço

Onde predomina a tranquilidade

E por isso uma certa monotonia

Esteja longe de ser o meu local ideal

Porque prefiro um menos previsível

Mais temperamental

Enquanto o fogo

Arde de tal forma

Que parece aos dois ir carbonizar

Mas não

Atingimos o nosso ponto de equilíbrio

Antes do ponto de fusão

Nem que para tal

Tal implique uma palavra que odeio

“Separação”

Por isso

Pela nossa nata instabilidade

A única coisa que partilhamos

Totalmente

É o ar

Porque este tem o espaço

Onde nos permite estar

Não tem limites

A não ser os que entendemos que deve ter

Coisas

Leis

Conceitos

Que desfazemos

Quando esse ar se torna poluído

E não nos permite viver

O ar

Que tanto respiro

Quando te vejo

Ou deixo de te ver

Um caos ordenado

Ou uma ordem que só o é

Quando não se deixa ordenar

A história enfim das nossas vidas

Estranha aos outros

Mas para nós

Elementar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/08/2014
Código do texto: T4931168
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