Medo da escuridão
Não da natural
Essa
Aprendemos que é ilusória
E não faz mal
Medo
É da escuridão humana
Aquela que nos faz indiferentes
Nos torna insensíveis
Aos outros humanos
Porque este medo não se nota
É um medo invisível
Invisível até a nós
Porque continuamos a viver
A socializar
Mas deixamos de temer
E até a gostarmos
De estarmos sós
Uma escuridão progressiva
Que torna a nossa humanidade
Degenerativa
Em lenta decomposição
Porque deixámos de sentir
Passa a ser totalmente indiferente tocar
E nem reparamos
Quando junto de nós
Existe um outro respirar
E por isso tenho medo
Que ao ler estas linhas
Não as leia
As ache uma mera ficção
Porque quando tal vier a acontecer
É a altura em que deixei de ter um coração
Não vivendo de facto
Ou vivendo
Numa espécie bem real de ilusão…