DE VACARIA A JAGUARI

Que alegria incomparável

Proporcionou o COGO amigo,

No velho sistema antigo

Boleando o laço por cima,

Ofertou-me o MANO LIMA

Crioulo do MBORORÉ,

Com penacho de caburé

De xucra e genuína rima.

Ouvi e gostei do taura

Na primeira escaramuça,

Pois meu pensar se debruça

Ao balanço de mia rede,

DE SÃO MIGUEL A MERCEDES

Uma rancheira baguala,

Se dança abanando o pala

Dentro das "quatro paredes".

E o velho TIO LAUDELINO

Milongueando pela vida,

Com tropa larga e comprida

Na direção da saudade,

Pois hoje a maturidade

Do indivíduo não respeitam,

Quando passam, desajeitam,

Sem olharem a sua idade.

Bugio xucro e sem tramela

Como a florista “flor",

O GUASQUEIRO E DOMADOR

Seu amor, luta e conquistando,

Uma lição que vai nos dando

No seu jeito folgazão,

De quem sempre tem razão

E nunca se abichornando.

E que terolzito lindo

Lá do tempo do tamanco,

Com o mesmo jeito franco

Numa crítica inteligente,

Do sofrer de tanta gente

Aviltada e explorada,

SACO DE GATO a paulada

Nosso "governo", não sente.

COMO É QUE EU TO NESSE CORPO

Um vanerão desenfreado,

A carta do não letrado

Estravazando de amor,

A fibra do domador

Lutando pela mulher,

Pedindo o que pensa e quer

De olho no ninho do amor.

SEU DOUTOR QUE VIDA BRABA

Um chotes lindo e largado,

Luta do peão apaixonado

Pela dona de seu amor;

Seguindo o traço criador

Procriando a "Io largo",

Na pausa do mate amargo

Cantando um tento de "flor".

Outro bugio retovado

O ginete encarapitando,

No lombilho ARROTANDO

GRAMA BOIADEIRA, o aprender,

Do peão que não vai crer

No que lhe foi ensinado,

Pois potrilho mal domado

Não se entrega, até morrer.

Bagual o BUFO DE GAITA

Rancheira para arrepiar,

Vem para maravilhar

Numa vozinha chorada,

A velha gaita furada

Onde o taura tem valor,

Seja cantando uma "flor"

Ou sesteando numa aguada.

PUXO DO QUEIXO arrenego

A milonga Correntina,

Vai guardando na retina

Os costumes da Querência,

Vêm-me com eloquência

Secando os cantos da boca,

A saudade não é pouca

Ao sentir do pago a ausência.

E o CRIOULO DO MBORORÉ

Lindo e macanudo chotes,

Vai brincando com o mote

Como uma criança na roda,

Gaúcho que nada incomoda

Orgulhoso do seu chão,

Vai nos tornando emoção

Nos colocando na moda.

Agora o CLARIM FARRAPO

Levando-nos ao passado,

Lá de onde nos foi legado

Tudo que de bom existe,

Hoje somos todos tristes

A evolução matou tudo,

Só o ginete sisudo

No meu pago ainda persiste.

SE QUEIXANDO IGUAL À MULHER

QUE APANHA DO MARIDO,

Sátira do mal cosido

O mesmo tipo engraçado,

O mesmo velho dedilhado

Na gaita resmungona,

Fanhosa, mole e chorona,

Troteando de pé trocado.

Amigaço eu te agradeço

Apesar de muito sentir,

Por não poder retribuir

O seu gesto na altura;

Todo mal, o tempo cura.

Pois, dizer-lhe isso eu poço,

Rezando um "Padre Nosso"

Junto ao vento da planura.

De VACARIA a JAGUARI

Vacariano e Jaguariense,

O tempo que tudo vence

Por certo nos levará,

Mas unidos vamos içá

A Bandeira do Rio Grande,

Pedindo que o Senhor mande

À glória do lado de lá.

Tapejara Vacariano
Enviado por Tapejara Vacariano em 30/07/2014
Reeditado em 30/07/2014
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