Contragosto

Se por acaso a noite quiser ficar comigo,

Minha roupa não sei, mas meus braços serão amigos.

Haverá como sempre flores no jarro da sala,

Não precisa tirar a sandálias, e ainda a vontade poderá ficar descalça.

Uma caneca quente de chá derreterá o gelo dos seus lábios,

Gotas de adoçante, pois periga estar com o paladar amargo.

Encosto no sofá ouvindo você,

Contrariada com o meu gosto, pede uma outra bebida e troca o cd.

Faço fácil leitura da expressão do seu rosto,

Hoje sem maquiagem alguma a contragosto.

Me fala soluçando evitando chorar,

Quando não se contém e as lágrimas rolam, sentada no velho sofá.

A vida lhe deu do amor o seu maior martírio,

Do qual seguia cegamente por costume, ou talvez por vício.

Vai à janela e me deixa por um momento só na sala,

Como quem clama ao vento que sua face se depara.

Pedindo aos céus que te afaste dos antigos fantasmas.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 18/07/2014
Código do texto: T4887365
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