Deitado

Eu não tenho certeza, seus olhos parecem vazios

Aquele antigo brilho já não reluz

Braços e mãos escorados

Como a se entregar

Àquela tarde ensolarada

Que aquece o chão batido repleto de sede

Num meio de deserto onde as esperanças andam às escuras

Também pudera quem iria acreditar em fazer por aqui alguma amizade

Nesse fim de mundo onde o que mais manda é o dinheiro

Sem nem mulher para fazer amor

Sem mais um naco sequer de sonhos

Parece um cachorro de rua perdido esse meu destino

Nem mesmo o cuspe tem cheiro e cor jogado a distância

No arremesso cansado

Eu, menino

Aqui olhando o céu

Deitado

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 07/07/2014
Código do texto: T4873574
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