Por entre a espuma dos nossos dias…
Deixámos que o tempo se esfumasse
Ao mesmo ritmo dos cigarros
Que fumávamos
Enquanto olhando-nos nos olhos
Na realidade nunca nos encarámos…
Demos relevância
Ao que não era relevante
E descurámos
O que era realmente importante…
Falando
Falando imenso
Nunca deixando de falar
Numa redundância tal
Que apesar do tempo passar
Nunca chegámos a sair do lugar…
Não por sermos fúteis
Não por falta de assunto
Mas por mero medo
De se tocássemos as palavras
Que importava tocar
Tudo ruiria
Esperando que a mera passagem do tempo
Tudo pudesse resolver
E assim vivemos
Não com substância
Mas apenas viver por viver
E quando o nosso tempo se esgotou
De tudo o que vivemos
Acabámos por nos arrepender…
Por entre a espuma dos nossos dias…