“Vem aí uma tempestade”
Desses-te em tom grave
O mesmo do teu olhar
E depois de observar o céu ri-me
Porque este estava limpo
Mas passado pouco tempo
Fiquei com a tua expressão
Quando de repente
E sem avisar
A tempestade
Estava a chegar…
E ela veio
Com a mesma dureza que li no teu olhar
Veio
E foi tão forte
Que para além dela
Nada mais parecia ter lugar…
E ela veio
Deixando-me a pensar
Qual o teu dom
Ou maldição
Que te permitiu tal adivinhar…
Recordei-me então
Que vinhas de uma terra esquecida
Onde a tua gente
O medo
As desgraças
O terror pressentia
Contando de seguida a toda a gente para se preparar
Para o mal
Que vindo do nada
Iria chegar…
Mas a tua gente
Que adivinhava
Que resistia
Não tinha a capacidade de ver
Quando o mal iria passar
Era a minha que fazia tal
E por isso te disse
Que a bonança não demoraria
E que sobreviveríamos
Para juntos a comemorar
Disse-te tal não num tom crispado
Mas jubiloso
E o tom grave
Em ti
Foi substituído
Pelo mais belo
E terno
De todos os teus sorrisos…