desde 1990

Seu rosto é quadrado

quando quero seu retrato

É oval

quando chega o Carnaval

É de cera

quando estou de vela

É de madeira

- sobra óleo de peroba

É de moleque

quando alguém assina o cheque

e assim nossa sentença se iguala

É de plebe

para que fiquemos numa boa

observando o tempo que ainda nos falta

Seu rosto de navalha,

separando minhas vontades

Seu rosto de ébano

superando as verdades

Seu rosto desconheço

mas conheço a insanidade

do calor de sua pele

roçando minhas dobras

(Ao abandonar a mocidade

achei que você viria

com a cara e a coragem

reivindicar minha virilha

Vêm, passa a língua

nela

Cura minhas cicatrizes

Faz com que minha espera

termine antes das varizes

Faz de mim banquete

faz de mim final de novela

Sê o meu ourives

molde-me com seus quadris

Com chave-de-perna prensarei sua dor

Pois no passado te pertenci

Nosso desejo foi um só

1990,

lembro do dia que te vi

e medi

teu olho

na ponta da

caneta

programando a telepatia

para um dia

ser sua eterna ninfeta.)

Thai
Enviado por Thai em 13/04/2014
Código do texto: T4766818
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.