No teu carro…
Fomos longe
Mas acabámos por ficar demasiado perto
Porque desejávamos ir para um horizonte
Que nunca poderíamos tocar
Aquele que se deseja
Quando o que sentimos
Nos ameaça afogar…
O que sentíamos
Descobrimos ser comum
Naquele momento
E assim transformámos o teu carro
Num barco
Um meio
Que nos iria colocar a salvo…
Esquecendo
Ou não querendo recordar
Que estava bem dentro de nós
E não fora
O que nos estava a afogar…
Voltámos por fim
Sem nada termos ganho
A não ser o amor
Vivido na fuga
Destinado desde o começo
A em breve acabar
O que aconteceu
Quando a viagem teve que acabar…
O tempo passou
E às tempestades
Sucedeu a calmaria
Pois a partir dali
Poderiam ser outros
Mas nunca nós
Que nos iríamos afogar
A luta passaria a ser deles
Sempre que pudéssemos nos afastar…
Mas na realidade
Nunca deixámos de viajar
Porque quando a tristeza me transtorna
É
No teu carro
Contigo
Que eu desejo estar…