Sonhando
Sentado na poltrona, eu o observo estudar
Compenetrado, ele suspira e sorri
Diz que assim não dá para se concentrar
Estende seu olhar lânguido para mim
A brisa suave da noite beija nossa pele
Esta pequena varanda parece ser outra dimensão.
O ar em volta rarefeito, a realidade repele
Somos apenas nós dois, complexos, nesta imensidão
Uma caneca de café ao seu lado
Exala a inebriante névoa perfumada
O artigo de Wittgnstein abandonado
Deita-se sobre nós silenciosa madrugada.
Me aconchego em seu colo sossegada
Ouço o ritmo compassado do seu coração
Acaricio seus braços, a pele arrepiada
Solto um gemido baixo de satisfação.
Ele me abraça forte, me mantém aquecida
Deposita em minha testa o mais puro beijo
Morfeu quer arrebatar-me adormecida
Antes que cresça mais em mim este desejo.
Quando por fim, vencidos pelo cansaço
Nos entregamos num sono recheado de imaginação
Adormeci no calor do seu abraço
Acordei de um doce sonho, mera ilusão.