"Espera..."
Ouvi-te dizer bem no meio da escuridão
Num tom de voz tão lúgubre
Que mais do que a vida
Me dilacerou o coração…
Uma voz de súplica
Que pedia a redenção
Pelo que não chegámos a viver
Porque o nosso tempo
Deixámos meramente arder
Sem que nele ao menos
Nos pudéssemos aquecer…
Tom lacrimejante
Para que o tempo voltasse para trás
E no presente
Tudo pudesse voltar a ser
Como era dantes…
Em circunstâncias normais nunca me terias feito tal pedido
Mas vivíamos tempos excepcionais
Porque o mundo estava a acabar
E perdida
De tudo e de todos
Viste em mim
Algo a que te pudesses segurar…
Olhei então para Ti
E por muito que me tivesse esforçado
Não te vi
Descobrindo então
Que a voz era a minha
Que estava a fazer uma mera projecção
Dos meus fantasmas
Dos meus demónios
Sobre quem não cheguei a pedir perdão
O mundo de facto estava a acabar
Certamente estarias com medo
Mas naquele momento
Escolheste outro
A quem abraçar
Porque quando tudo está a desabar
Escolhemos as pessoas certas
Que possam por nós velar
E por muito que te amasse
Seria outro
A os teus olhos fechar…