Estava farto...
De tudo
Das imagens
Dos sons
Que nunca paravam de chegar
Estava farto
Pois tudo estava tão preenchido
Que não conseguia respirar…
Farto das sensações
Dos sentires
Que a nossa sociedade de comunicação
Não parava de gerar
Obrigando mesmo quem gosta do silêncio
A ter de falar…
Farto da ausência
De ruídos
De espaços
Da inexistência de uma terra de ninguém
Um espaço neutro
Onde pudesse descansar
E assim parti
À procura desse lugar…
E sim
Acabei por o encontrar
Mas passado pouco tempo
Estava farto dele
Porque descobri ser impossível
Viver sem comunicar
Preferindo o excesso
À escassez
Pois mesmo as coisas mais pacíficas
Aquelas que nos dão paz interior
Possuem som
Que o diga a areia
Quando é beijada pelas ondas do mar…