Vida de peregrino Amor de poeta

Meu nome é João Niguém.

A vida me fez peregrino

mas, meu sonho de menino

é fincar os pés no chão.

Combalido pela sorte,

quero encontrar na morte

repouso como cristão.

Tenho meus pés calejados,

as mãos são tortas, porque

tudo tive de fazer.

Mas sou um pobre coitado,

não jogo, não fumo, não bebo

mas, se não tenho sossego

é que eu não tive sorte.

Sem passado, sem esperança,

já não tenho na lembrança

se nasci no Sul ou no Norte.

Minha casa é uma esteira

que carrego a vida inteira,

daqui p’ra lá, de lá p’ra cá.

Minha música é a cigarra.

De noite a lua me agarra,

depois o sol vem me abraçar.

Assim eu passo os dias

a caminhar na mesma direção,

pisando folhas que o vento leva,

carregando mágoas no meu coração.

Quem sabe, n’um cair de tarde

alguém me veja e me estenda a mão!?

Yara Gonçalves Maia
Enviado por Meu tema em 27/01/2014
Código do texto: T4666945
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.