O ninho dos espelhos
É o local onde todos descansam
Depois de um dia inteiro a trabalhar
É o local onde se vêm
Depois de um dia a fazer que o mundo a si próprio
Se pudesse olhar…
Um sítio
Onde em silêncio
Nada olham
A não ser a sua beleza
Abafada por aquilo que observam
E que passam a vida a mostrar…
Um refúgio de descanso
Ou um local de exílio
Onde reflectem o que são
Depois de terem aprendido como são feitos
Nos rostos e nos corpos
Que aos seus donos devem reflectir
E assim por espelho de anónimos
Passaram a saber o que realmente é viver
Realmente é existir…
Mas quando estão em recolhimento
Dá-se algo de magnifico
Ou de magica maldição
Eles reflectem
O que realmente são
E não apenas
O que os outros costumam ver
Porque este processo de desconstrução
É fundamental para o mundo funcionar
Porque horrorizados com o que viram
De si
Mais nada de si querem ver
E assim
Eles limitam-se
A esses estranhos mostrar
Porque apesar de reflectirem o belo
O seu
E o seu lado mais oculto
É um algo doloroso
Que não conseguem encarar…
Poema inspirado num velho poema de uma amiga minha “Casa dos espelhos”