O ninho dos espelhos

É o local onde todos descansam

Depois de um dia inteiro a trabalhar

É o local onde se vêm

Depois de um dia a fazer que o mundo a si próprio

Se pudesse olhar…

Um sítio

Onde em silêncio

Nada olham

A não ser a sua beleza

Abafada por aquilo que observam

E que passam a vida a mostrar…

Um refúgio de descanso

Ou um local de exílio

Onde reflectem o que são

Depois de terem aprendido como são feitos

Nos rostos e nos corpos

Que aos seus donos devem reflectir

E assim por espelho de anónimos

Passaram a saber o que realmente é viver

Realmente é existir…

Mas quando estão em recolhimento

Dá-se algo de magnifico

Ou de magica maldição

Eles reflectem

O que realmente são

E não apenas

O que os outros costumam ver

Porque este processo de desconstrução

É fundamental para o mundo funcionar

Porque horrorizados com o que viram

De si

Mais nada de si querem ver

E assim

Eles limitam-se

A esses estranhos mostrar

Porque apesar de reflectirem o belo

O seu

E o seu lado mais oculto

É um algo doloroso

Que não conseguem encarar…

Poema inspirado num velho poema de uma amiga minha “Casa dos espelhos”

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 27/12/2013
Código do texto: T4627498
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