A PROFANA CEIA

Vê, Senhor, quanta tristeza

Sentados ao redor da mesa

Comem fartos os animais

Animais sim eles são

Porque de inanição

Deixam morrer os demais

Naquela mesa comprida

Forrada de seda e florida

Uísque, lagosta e muito mais

Enquanto isso, no chão,

Alguém estende a mão

Em busca do resto que cai

Tenha piedade, meu Deus!

Olhai para os filhos seus

Porquê tanta diferença?

Será, meu Deus, que estamos

Fazendo parte de um plano

De uma futura recompensa?

Eis a nossa esperança:

Que um dia essa festança

Vai chegar ao seu final

E os que hoje na mesa estão

O seu lugar será no chão

Chorando uma sopa ou um mingau

E lembrar-se-ão que um dia

A vida era só de alegrias

De banquetes ornamentais

E os que habitavam o chão

Catando migalhas de pão

Serão os novos comensais

Ó quão desumanos somos!

Ó quão insensato o nosso modo de viver!

Podíamos melhor repartir o pão

E dizer: meu amigo, coma também você!

Washington Berto
Enviado por Washington Berto em 22/04/2007
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