Amizde InTERMITente

Caí, do mais alto penhasco,

Estabano-me, aos saltos tento reverter

Não me acho

Não acho pernas, braços, abraços

Daqui é escuro demais, quero voltas atrás,

Aquele que ontem fui, não sou mais

Se ontem vivi em festas, hoje faça amizade com vermes,

Tenho amigos que sou obrigado a comer

Mas o que é a vida senão um banquete

Daqueles que só te querem bem

Você começa uma amizade

Logo se apropria de uma alma

E sem calma invade todo o ser

Não seria eu um verme desses que agora me dão calor humano?

Esqueçamos desse ponto, quero sair daqui agora!

Ajudem-me, vocês que clamaram ser amigos,

Mas que para tirar do buraco não acham pás

Aliás, está tudo translúcido,

O que posso ver de longe é uma luz no fim do túnel

Umas pás na fresta, uma pequena brecha,

Que me deixam a desejar

É complicado não ter amigos do lado

Mas acho que virei peste

Frente aqueles que um dia me amaram

Infestei bem os bons, porque não suguei os vãos?

Dizem que amigos se contam nos dedos,

Estão decepados

Falam que todo coração é grande,

Oh! pedaço exilado de mim...

Penso se pouco velho, já estou ranzinza,

Acho que não, vejo flores ainda

Não são nítidas as cores, vejo suas silhuetas, dos amores

Que de malmequer foram alimentados,

Que pelas pétalas sortearam,

Um amor, um caso, uma sorte trapaceada muito fácil

Deixarei o meu recado àqueles que ainda não me acham errado,

Fui subjugado, erroneamente empurrado, para um abismo de areia movediça

Agora arrependido procurando saída,

Peço uma perna, um cotovelo, um olhar, um não-desprezo

Para que com apreço, o amigo querido me estenda

Nem que seja sua compaixão,

Com esperança peço uma mão,

Que sem enxergar direito me fará levantar

Acho que amigo é coisa para se guardar,

Nos buracos mais profundos onde vermes um dia morarão

Gabriel Amorim 10/09/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 19/10/2013
Código do texto: T4532714
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