Meu caro amigo

Um dia desses vi um cara maltrapilho, seu rosto parecia normal,

Sua alma, no entanto, aparentava um lapso de brilho

Perguntei-lhe sobre sua vida, suas feridas, o que lhe corrói

Falamos de sua mulher, de um caso qualquer,

De seus filhos, sobrinhos e parentes afins

Não encontrei sua mágoa

Ainda me pergunto o que será que lhe aparentava

Aquele rosto opaco, não me enganava

Falei de amizade, ele de ríspido virou meia face

Franziu o cenho sem mais me deixar dúvidas

Seu enlace havia quebrado

Aquele ser humano desgraçado

Estava sofrendo dos males, o pior

Faltava-lhe a base, o conselho, o abraço,

Daquele que não sendo do sangue só faz ajudar

Senti frio ao seu lado, onde estava a chama da amizade,

Daquele que te afaga sem te botar no mundo,

Que faz de você, ser humano moribundo,

Um companheiro, irmão, mãe, conselheiro

Respirei fundo, abri meu coração,

Casa nunca antes lotada puxei a chave da razão

Essa me negou a abertura,

Colocando mais uma fechadura, nesse cofre de emoção

Não sei por qual motivo me negava um amigo

Meu coração transbordado

Questionei a meu lado social, que por acaso estava de baixo astral,

Mesmo eu tendo muitos amigos,

Porque não mais um, afinal

Fiquei magoado, queria acolher mais um aliado

Para me ajudar a remar nos mares revoltos de meu Deus

Usei a emoção, graças a Deus,

Neguei a razão que Ele me deu

Puxei o amigo de lado, botei a mão em seu ombro,

Abracei apertado, ele precisava de um afago meu

Olhos já duvidosos nos encaravam revoltosos

Pensando ser algo anormal

Eita mundinho sujo,

Consegue ver na inocência a saliência de amantes

Temo também por esses,

Pobres inocentes que não conhecem o amor fraternal

Saí da rua feliz, já tínhamos feito planos mil,

Nossa amizade despontava, o rosto opaco que quase gritava

Agora tem na boca um sorriso de louco

E para mim, a razão ficou de fora,

Olho em meu peito e grito: É agora!

Que esse danado explode de tanta aconchego

Posso voltar para casa em sossego,

Fiando em minhas colchas mais um retalho

De mais um pedaço de alma que agora compartilho

Em minhas linhas e agulhas coronárias

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Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 13/10/2013
Código do texto: T4523906
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