poesia

Newton Highlands

Quando revi voce, fui tomada pela poesia. e percebendo aos poucos, fui surpreendida pela alegria subita de reconhecer o quanto era bom estar com voce de novo e o tanto que voce trazia em mim. poetisa entao, eu andava pelas ruas da avenida paulista ja tarde da noite, ia sozinha, e ia recitando palavras de uma poetisa de quem se despede do ar e das ruas, dos ultimos momentos de minha ultima noite em meu pais.

Ser surpreendida pela poesia e tomada por aquela alegria subita de lhe ver de novo e estar ao seu lado, e ver tudo o que se aflora em mim ao lhe encontrar, tudo isso, foi resgatado de mim mesma. talvez por tanto reconhecimento proprio repentino e clarido e de tanta poesia e alegria, voce tenhas me olhado antes nos olhos e me chamado de Renascencia. Eu sempre renascia ao seu lado.

Na mesma noite e na minha presença, sem saber de seu morrer, sua vida ia aos poucos sendo resgatada desse mundo, a morte quieta demais e se instalou em voce e o foi levando durante aquelas ultimas horas, eu nao consegui enxergar sua espreitada e manda-la ir embora, fiquei esperando pelo amanhecer feliz que nao viria. nao sabia que voce estava sendo levado aos poucos desse mundo e que morreria logo mais. com voce e sua vida, a minha poesia se foi. voce morreu e levou este tanto de mim junto com voce.

Se ha hoje alguma poesia. ela e' incompleta, falta vc. A morte que o levou eu viro de costas -- lhe dou a graça de meu sofrimento, mas acima, minha indiferença, me recuso a reconhece-la -- ele e tudo dele -- vivera em mim, ate o ultimo instante de minha vida.

M Cristina
Enviado por M Cristina em 12/10/2013
Reeditado em 12/10/2013
Código do texto: T4522667
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