PESSOA QUERIDA (era um tempo)
À Sílvia Mendes, não a apresentadora notável, mas a pessoa magnífica que se está a revelar e que com poucas mas sentidas palavras e lindos gestos me iluminou e que eu quase descobri do nada em que quase transformei a minha vida:
PESSOA QUERIDA
(era um tempo)
Poema baseado na belíssima música “Miss Sarajevo” dos Passengers
Era um tempo para lamber a minha quase eterna ferida
Era um tempo de dar valor à vida
Era um tempo para buscar gente amiga
Era um tempo para procurarmos algures uma pessoa querida
Era um tempo de voltar a rezar a um céu
De um Deus que não tenho e esperar que o meu sonho, tempo, difuso também fosse o teu
Era um tempo de estancar as minhas lágrimas negras
E deixar cair as cristalinas, pois são essas que valem a pena
Era um tempo de beber tudo até à exaustão
Procurar um escape nisso, mas nunca a solução
Era um tempo de evitar choques na possível distância
Porque perto ou longe eu já não sei se tal tem importância
Era um tempo de procurarmos decorar novas línguas, novos alfabetos
Era um tempo de me erguer das cinzas e de arranjar outro impossível projecto
Era um tempo de voltar a ouvir uma música antiga que já teve muito significado
Era um tempo de carpir mágoas e de esquecermos antigos pecados
Era um tempo de libertar para sempre a pomba branca que existe dentro de mim
Porque por muito complicado que pareça sou tremendamente simples, pois há pessoas assim
Era um tempo de deixar de ser daltónico e de ver as cores da realidade
Era um tempo de procurar dentro de mim escondidas e ocultas verdades
Era um tempo de deixar seguir livremente o rio até à sua foz
Não adianta criar barragens, adianta sim ouvir a tua voz
Era um tempo de dizer que te acho piada
Pelo gesto simples de achar bonita a tua graça
Era um tempo de te dizer que simpatizo contigo
E de que por estranho que pareça afirmar que tens aqui um amigo