EU E MINHAS MULETAS

O que fazem num canto, ó duas xeretas!?

Esperam-me?... Demoro...Hoje não tenho pressa,

Querem um gole eu dou. Mas não bebam demais,

Não bebam que depois vocês não são capazes

De levarem-me em casa... “Somos suas muletas.”

Elas dizem querendo que eu vá para casa...

Mas não vou!- “Retruquei”- encostadas na mesa

Vocês podem dormir como fazem lá em casa.

- “ Não queremos magoá-lo” Elas seguem dizendo,

“ e sim, ajudá-lo, como sempre fazemos.”

Eu, então, chuto a mesa e as derrubo no chão.

Bato nelas, desprezo-as... depois volto à razão:

Muito embora eu saiba que ninguém quer vocês,

Muito embora eu saiba que eu também não as queria...

Perdoem-me!!! perdoem-me... É um breve rancor...

“ Sabemos que nunca nos abandonaria!!!”

Eu bem sei...Eu bem sei... Sem essa companhia

O que seria de mim?... “ E de nós, que seria?”.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 13/04/2007
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