EU E MINHAS MULETAS
O que fazem num canto, ó duas xeretas!?
Esperam-me?... Demoro...Hoje não tenho pressa,
Querem um gole eu dou. Mas não bebam demais,
Não bebam que depois vocês não são capazes
De levarem-me em casa... “Somos suas muletas.”
Elas dizem querendo que eu vá para casa...
Mas não vou!- “Retruquei”- encostadas na mesa
Vocês podem dormir como fazem lá em casa.
- “ Não queremos magoá-lo” Elas seguem dizendo,
“ e sim, ajudá-lo, como sempre fazemos.”
Eu, então, chuto a mesa e as derrubo no chão.
Bato nelas, desprezo-as... depois volto à razão:
Muito embora eu saiba que ninguém quer vocês,
Muito embora eu saiba que eu também não as queria...
Perdoem-me!!! perdoem-me... É um breve rancor...
“ Sabemos que nunca nos abandonaria!!!”
Eu bem sei...Eu bem sei... Sem essa companhia
O que seria de mim?... “ E de nós, que seria?”.