SALA DE EMBARQUE
Aos queridos amigos: Michele e Apoena, com a minha admiração e uma saudade infinita.
"...o coração não era um órgão, não era nada.
Era somente a engrenagem movedora e eficaz.
Desprezado e pulsando no vácuo:
A visão, o olfato,
os músculos, os nervos,
o intestino, o estômago,
a garganta...
predominavam numa secura intensa,
desertificante!
Era o caos se organizando, se preparando.
E o pobre coração (ínfimo-infeliz!) só batia
impulsionando os fulgores alheios...
e os olhares se fundiram, congelaram
num milésimo de seguno no infinito:
-Os olhos teus, os olhos dele...nos meus.
O universo parou! e ainda assim
a aeronave decolou
comigo lá.
Indiferente, fria, dura...
e mesmo assim plainando o ar,
absorta."