Cicatrizes…

Porque

Há mil anos atrás

Jurámos que quando elas aparecessem

Seriam a marca da experiência

Que o tempo costuma deixar

Jurando que nunca as iríamos transformar em rugas

Pois tal significaria

Que esse tempo acabou por nos amargurar…

E assim olhamos as nossas

Cicatrizes

Com saudade

Com encanto

Recordando a altura em que as feridas se fecharam

E apesar de feridos

Os nossos caminhos continuaram…

Recordando como jovens

Que sempre seremos

Mas que não são imunes ao tempo

Acabámos por começar a envelhecer

Sendo as

Cicatrizes

Uma marca do tempo que passa

Não deixa de passar

Sendo elas uma marca de crescimento

Um mapa de sabedoria

Porque dele pretendemos sorver o que ele tem para nos ensinar

As rugas

Naturalmente parecem

Porque até a mais forte árvore mostra que apesar de continuar de pé

Tem em si as marcas do vento

E com esse tempo as rugas irão tomar conta de nós

Do exterior

Porque por dentro

Continuamos a combater

A sonhar

A acreditar

Tendo as

Cicatrizes

Quando as dúvidas surgem

Um mapa

Para nos guiarmos

Porque enquanto elas aparecerem

E assim as feridas continuarem a cicatrizar

Sabemos que perante a vida estamos receptivos

Perante a vida

Ainda não chegou a hora de nos fecharmos

E saberemos a altura desse momento

Quando passarmos a ser dominados pelos ressentimentos

No lugar de amar

Um sentimento

Tornado recordação distante

Que ocorreu no tempo

Em que as nossas feridas por muito profundas que fossem

Acabavam sempre por cicatrizar...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 14/07/2013
Código do texto: T4386735
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