Cicatrizes…
Porque
Há mil anos atrás
Jurámos que quando elas aparecessem
Seriam a marca da experiência
Que o tempo costuma deixar
Jurando que nunca as iríamos transformar em rugas
Pois tal significaria
Que esse tempo acabou por nos amargurar…
E assim olhamos as nossas
Cicatrizes
Com saudade
Com encanto
Recordando a altura em que as feridas se fecharam
E apesar de feridos
Os nossos caminhos continuaram…
Recordando como jovens
Que sempre seremos
Mas que não são imunes ao tempo
Acabámos por começar a envelhecer
Sendo as
Cicatrizes
Uma marca do tempo que passa
Não deixa de passar
Sendo elas uma marca de crescimento
Um mapa de sabedoria
Porque dele pretendemos sorver o que ele tem para nos ensinar
As rugas
Naturalmente parecem
Porque até a mais forte árvore mostra que apesar de continuar de pé
Tem em si as marcas do vento
E com esse tempo as rugas irão tomar conta de nós
Do exterior
Porque por dentro
Continuamos a combater
A sonhar
A acreditar
Tendo as
Cicatrizes
Quando as dúvidas surgem
Um mapa
Para nos guiarmos
Porque enquanto elas aparecerem
E assim as feridas continuarem a cicatrizar
Sabemos que perante a vida estamos receptivos
Perante a vida
Ainda não chegou a hora de nos fecharmos
E saberemos a altura desse momento
Quando passarmos a ser dominados pelos ressentimentos
No lugar de amar
Um sentimento
Tornado recordação distante
Que ocorreu no tempo
Em que as nossas feridas por muito profundas que fossem
Acabavam sempre por cicatrizar...