A um amigo

A um amigo

Caro amigo, me empresta um dinheiro,

mas não sei quando lhe pago

sou apenas,rico de versos, e, talvez,

você não aceite o pagamento com poesia.

Amigo, dê-me o seu ombro amigo.

Eu preciso chorar o tédio de viver

Não se incomode com as lágrimas

Tenha mais pena do meu coração

Ele vive em desassossego.

Meu amigo, cante alguma canção do Chico

Ah, como preciso ouvir algo lírico

Estou, ridiculamente, influenciado pela mídia

Ah, meu grande amigo!

Fale-me um pouco do mundo tangível

Preciso descer das nuvens; voo demais.

E quem voa sem asas, um dia, cai.

Meu amigo, enxugue o meu sorriso.

Meu pranto, esse pode deixar comigo,

eu sei conviver com as lágrimas.

Amigo velho, eu estou soluçando,

dê-me um susto de emoção.

Preciso sentir que estou vivo.

Meu amigo, colha uma fruta do pé

e traga com sofreguidão pra mim

Quero sentir o sabor da infância

Ah, meu amigo, eu vivo a morte

todos os dias em minhas noites

Acorde-me!

Acorde-me!

Acorde-me!

Acorde-me!

Acorde-me!

Mario Paternostro