DE PRIMO DE AMIGO DE IRMÃO
às vezes voltamos ao passado e tropeçamos em momentos de nossa infância e de nossa juventude, hoje eu regressei no tempo e me encontrei com meu primo poeta, que deixou a poesia escrita mas guarda no peito a poesia dos sentimentos por isso para, homenageá-lo quero publicar esse poema dele....
DE PRIMO, DE AMIGO, DE IRMÃO
Brincamos juntos nos mesmos anseios
de criança pobre a beira do mar
e carregamos juntos as mesmas incertezas
Os joelhos na mesma esteira
as mãos postas
a mesma reza aos pés do
o altar
Os mesmos sacis a bulir no bambuzal
a mesma caipora a descer da serra
e a querer cozinhar-nos no seu caldeirão imenso
A vida passando à sombra das castanheiras
e nós meninos
a espiar a vida
além do pau-a-pique das casas
Brigamos muito na disputa
do ingenuo brinquedo de lata de leite ninho
e as bolinhas de gude rolaram no quintal
de nossa imaginação, do nosso mundo
Depois a escola
a descoberta de um novo mundo
A merenda repartida sem egoismo
muita ternura apenas
A primeira briga
você protetor assíduo
do meu medo e da minha covardia
Irmão nós somos
desde a minha primeira fome
que de sua mãe sorvi o primeiro leite
e recebi
talvez
o primeiro acalanto
E entre primaveras e verões infindos
nós caminhamos a beira do mar
e nossos sonhos fluíram além das coisas
além do mar
além do mundo
além do tempo
Hoje já não somos crianças, mas tudo continua
O sol ainda é livre no infinito azul
e entre a preamar e a vazante
nós prosseguimos e sentimos o contato da brisa
que nós traz a vida que vem com a viração do sul!
DE AUTORIA DO MEU PRIMO QUERIDO:
JOSÉ CARLOS DE GÓIS
publicado no livreto do I ENCONTRO DE POESIAS
de Ubatuba
1981
Obrigado Góis, sei que tardiamente, mas obrigado!!!!!
Joban