BENDITO SILÊNCIO
(dedicado à poetisa Ana Flor do Lácio, em louvor ao seu poema "Nas paredes brancas de um poema")
Fecha-se a nívea ostra, na procela que a envolve,
Águas túrgidas e turvas, não lhe são propícias,
A nívea ostra se fecha, rapidamente, e esconde,
A opalescente pérola, tão ciosamente gerada,
Aguarda a hora certa para expor o seu tesouro.
Vai-se a tormenta; voltam as cristalinas águas.
No leito calmo do mar, queda ainda adormecida,
Corrente benfazeja a envolve, despertando-a,
Só, então, após sofrida clausura, abre sua concha,
E, ao invés da bela pérola em seu ventre criada,
Que a todos, com beleza e doçura sempre ofertara,
Exibe, agora, orgulhosa, um puro e lindo diamante.
(não deixe de ler o colega Nobre Lobo)