Cidades...

Um dia ficámos fartos das Cidades…

Fartos do cansaço de nunca existir um tempo certo para dormir

Porque elas estavam sempre iluminadas

E assim o tempo que tínhamos disponível

Esgotava-se bem depressa

E esse tempo acabava por não servir para nada…

Porque nas cidades se tentava viver de forma tão intensa

De forma tão apressada

E tendo tantas coisas para ver

Quando íamos descansar

Notávamos que a nossa existência era vazia

Sentíamos que a nossa vida era uma vida desperdiçada…

Sedentos do tempo real

Abandonámos então as Cidades

Todas as Cidades

E voltámos à natureza para o tempo podermos tocar

Vendo realmente uma flor a crescer

Ou ver realmente como a areia costuma ser beijada pelo mar…

Dormindo na hora correcta

A hora do sol

Vivendo não o tempo como ele é vivido na televisão

Vivendo o tempo

De cada estação…

Tendo como divertimento

Não filmes

Não jornais

Não a falsa emoção passada na rede

Sendo que chegámos ao lento êxtase

De nos maravilharmos com a sublime mudança de cor nos campos

Que só acontecia a cada estação

Mas esse divertimento era tão belo

Que apesar de ser Um

Valia por um milhão…

E assim lentamente fomos vivendo

Fomos crescendo e prosperando

Mas fomos também esquecendo

Do que nos levara até ali

Achando banais

Os frutos da natureza

Que por serem tão belos e tão simples

Eram geniais

Fomos criando o ócio

Que clamava por mudança

Começando a ambicionar mais do que o brilho das estrelas

Querendo criar algumas acesas mesmo de dia

E que brilhassem por toda a eternidade

Fomos criando um mundo novo

Onde acabámos por construir novas Cidades...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/04/2013
Código do texto: T4235319
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