Dezesseis Anos de Mar ...
Dezesseis anos! Nossa! Parece que foram mais... Aconteceu tanto e tudo tão inesperado. Não tinha preparo algum para vivenciar o que viria a seguir, a partir daquele dia 06 de abril de 1997. Confesso, que ao escrever esta data, um sorrisinho de satisfação, espontaneamente, me invadiu o rosto. Que loucura! Que coragem!
Completamente desiludido com a humanidade, graças à faraônica falta de tato para lidar comigo, de minha família, e, de uma série de desagradáveis e insuportáveis acontecimentos, resolvi (ainda bem) deixar Jundiaí e ir ter com o mar. Sozinho, mudei-me para Paraty, onde tive que morrer, para renascer poeta.
Fui para lá, munido apenas, de meus recém adquiridos conhecimentos místicos esotéricos. Uma das razões pra me mudar pra praia, foi a de tentar viver mais de acordo, com o que estava aprendendo, descobrindo e gostando muito. Acontece que, como todos sabem, a teoria, na prática é outra. Como sempre, demorei demais pra perceber que não é possível servir a dois senhores, ao mesmo tempo.
Em meu caso, a natureza, com seu lirismo, com seu preciosismo, ganhou de lavada! Assim, que a deixei me invadir a existência, nunca mais fui o mesmo. Foi a mais perfeita, a mais eficiente iniciação, das muitas que recebi. O problema é que estava carregado de informações erradas, sentimentos tortos, medos absurdos. Até consertar tudo isso, foram necessárias dezenas de trocas de pele. Todas doloridas, exatamente, como desaprovo, como não recomendo.
Porém, atrás de todos os desenganos, todas os omissões, as centenas e premiadas ideológicas traições, algo em mim se fortalecia, oriundo, eu sabia o tempo todo, deste sagrado contado com o mar, a serra e mangue. Este último se revelou um excelente amigo/confidente/protetor. Sentia-me completamente em casa, em seus domínios.
Em meio a esta guerra entre os dois eus, o antigo (doente, carente, inseguro e fraco) e o novo (todo esotérico, equilibrado, apaixonado pelo planeta, louco por amar, mas sem, ainda, encontrar como... e, o principal de tudo, o que me revolucionou o mundo: POETA) Ao escrever, comecei, finalmente, a conseguir me comunicar com a humanidade, sem ruídos, ou más interpretações. As pessoas passaram a me entender, a me olhar diferente, a me dar razão. Identificaram-se comigo. Algo que eu pensava: impossível!
Exatamente, na mesma proporção, o outro eu, o menor, começou a enlouquecer, por não conseguir se estabelecer. A situação ficou insustentável. Pus minha casa à venda. Havia me decidido ir para onde, talvez, deveria ter ido desde 1997 : Bahia! A princípio pensei em Trancoso, para contrariedade de meus amigos, pelo excesso de drogas. Ambiente que não curto.
Uma tarde, uma amiga minha- Madá – pelo msn – havia acabado de se mudar para um lugar incrível chamado Itacaré. Afirmou que era meu lugar e que já me via pelas praias. No mesmo dia à noite no Multishow, o tema do programa "Vai Pra Onde" era Itacaré. Entendi o recado.Demorei 15 meses terríveis pra vender a casa à prazo com um singelo desconto de 40.000,00. Era isso, ou eu enlouqueceria... Precisava vir embora. Sentia Itacaré me chamando. Sabia que já estava atrasado.
Cheguei em frangalhos,
Todo arranhado.
Assustei-me com a cidade...
Não era o que eu esperava.
Menor e bem mais pobre do que pensava.
Mas, queridos amigos:
De uma beleza, que me aprumou os sentidos.
A mais consistente beleza:
A da natureza!
Atiçou a sensibilidade,
A tal ponto,
Que vivo meio tonto...
Senti, dia a dia,
A lapidação de minha poesia.
Parecia e parece que tudo foi programado.
Tudo foi pré-arranjado.
Incluindo o sítio onde moro.
Que adoro!
Fonte ativa de inspiração,
Para este coração
Que desandou a falar,
A exigir se expressar,
Se projetar pelo ar,
Através de um poetar,
Literalmente, intenso.
Denso.
Cheio de possibilidades,
De convites declarados à felicidade.
Perto de lançar meu quarto livro,
Membro de três Academias,
Impensável "Ousadia",
Todos os meus passos adquiriram sentido.
Nunca pensei que atingiria esse patamar
De gostar,
Ao qual devo tudo,
Todo o encanto lírico de meu mundo.
Música indicada:
http://www.youtube.com/watch?v=nSMrguQCCPU
Dedico a emoção redentora deste épico trabalho
A meu amigo/poeta
Alcir Andrade