“Para longe…”
Foi a resposta que tive de Ti
Quando perguntei para onde querias ir
Sem saber se a resposta indicava o desejo de viajar
Ou simplesmente de fugir…
Perguntei mais uma vez
E mais uma vez repetiste as mesmas palavras
Com uma ligeira diferença na entoação
O que denotou mais um desespero do que um desejo
Reforçado
Por um sôfrego beijo…
Partimos então
Andando sem parar
Até que cansada
Pediste-me para descansar…
Tínhamos chegado aonde querias
Li isso no teu olhar
O mesmo
Que logo me pediu para continuar
Continuar para longe
Um longe que nunca teria um fim
Porque se tal acontecesse
Sem pena oficialmente decretada
Sentir-te-ias presa
Porque o teu alimento era uma paisagem em constante mudança
Pessoas que nunca seriam as mesmas
O teu alimento era a não repetição de nada
A não ser da minha companhia
Porque há pessoas como Tu
Que mesmo tendo tudo
Sentem a sua vida vazia
Porque há pessoas como Tu
Que sentem que o “longe” é sempre perto demais
O verdadeiro longe está realmente
Onde moram os nossos mais sagrados e intocáveis Sonhos e Ideais…