No Imediato…

Digo que gosto de ti

Faço juras de um amor eterno

Que sei que vai durar

O tempo de me apaixonar por outra emoção

Fazendo também dos afectos

Uma moda

Que muda consoante a estação…

Consumimos compulsiva e rapidamente

Tudo aquilo que sentimos

Não por uma incapacidade de preservar os afectos

E de os manter na mesma pessoa

Mas os afectos passam por ser mais um bem de consumo

Meramente descartável

E jamais fidelizável

Não passando por isso de mais um objecto…

Porque nos disseram

Que tudo tem um preço

Ou tudo se pode usar

E por isso

É irrelevante

A igreja

Onde possa rezar

Dada a séria eventualidade

De no dia seguinte

Nem sequer dela me lembrar…

Pois fizemos um pacto

Com

O imediato

Um pacto de ter que ser breve o que dizemos

O que apreciamos

Quem detestamos

Ou quem amamos

Porque nos disseram que a dinâmica do mundo

A dinâmica dos mercados

Nos obrigam a não sermos donos de nada

A nada possuirmos

Nem mesmo aquilo que vivemos

Aquilo que sentimos

E muito menos de qualquer tipo de memória

Somos apenas donos do momento instantâneo

E esse é o único real e perceptível facto

Porque o futuro está já a acontecer

E não o poderemos perder

No Imediato…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 06/03/2013
Código do texto: T4174694
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