No Imediato…
Digo que gosto de ti
Faço juras de um amor eterno
Que sei que vai durar
O tempo de me apaixonar por outra emoção
Fazendo também dos afectos
Uma moda
Que muda consoante a estação…
Consumimos compulsiva e rapidamente
Tudo aquilo que sentimos
Não por uma incapacidade de preservar os afectos
E de os manter na mesma pessoa
Mas os afectos passam por ser mais um bem de consumo
Meramente descartável
E jamais fidelizável
Não passando por isso de mais um objecto…
Porque nos disseram
Que tudo tem um preço
Ou tudo se pode usar
E por isso
É irrelevante
A igreja
Onde possa rezar
Dada a séria eventualidade
De no dia seguinte
Nem sequer dela me lembrar…
Pois fizemos um pacto
Com
O imediato
Um pacto de ter que ser breve o que dizemos
O que apreciamos
Quem detestamos
Ou quem amamos
Porque nos disseram que a dinâmica do mundo
A dinâmica dos mercados
Nos obrigam a não sermos donos de nada
A nada possuirmos
Nem mesmo aquilo que vivemos
Aquilo que sentimos
E muito menos de qualquer tipo de memória
Somos apenas donos do momento instantâneo
E esse é o único real e perceptível facto
Porque o futuro está já a acontecer
E não o poderemos perder
No Imediato…