Enquanto ela…

Continuava no seu percurso para mergulhar na escuridão

Ele olhava-a sem nada poder fazer

Reparando que as noites tinham ficado ainda mais negras

Que as noites tinham perdido o seu encanto

e passaram a ser apenas sombrias

Ele olhava-a sem nada poder fazer

A não ser fazer-lhe companhia…

Assegurando que a sua viagem podia não ter retorno

Mas ela não a faria a sós

Porque os dois

Eram e seriam sempre

Apenas uma só voz…

Voz que se tinha silenciado dado ela já não falar

Voz que se tinha deixado de ouvir

Porque ele se deixara silenciar

Para desta forma também a acompanhar…

Sabendo que já a tinha perdido

Sabendo que estando ou não estando tal lhe era indiferente

Sabendo

Que a normalidade nela

Era algo somente aparente…

Sabendo que ela já tinha partido

E que o deixara a seu lado

Ferido

Por ela

Pelos dois

Pelo que construíram

Uma espécie de sonho tornado real

Um sonho agora reduzido a cinzas

Por onde ele andava

Divagava

Tal como um deus

Depois de ter destruído um universo

Dominado por uma lúgubre melancolia

Que mais pelo universo perdido

Lamentava já não ter companhia…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 03/03/2013
Código do texto: T4169749
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.