Enquanto ela…
Continuava no seu percurso para mergulhar na escuridão
Ele olhava-a sem nada poder fazer
Reparando que as noites tinham ficado ainda mais negras
Que as noites tinham perdido o seu encanto
e passaram a ser apenas sombrias
Ele olhava-a sem nada poder fazer
A não ser fazer-lhe companhia…
Assegurando que a sua viagem podia não ter retorno
Mas ela não a faria a sós
Porque os dois
Eram e seriam sempre
Apenas uma só voz…
Voz que se tinha silenciado dado ela já não falar
Voz que se tinha deixado de ouvir
Porque ele se deixara silenciar
Para desta forma também a acompanhar…
Sabendo que já a tinha perdido
Sabendo que estando ou não estando tal lhe era indiferente
Sabendo
Que a normalidade nela
Era algo somente aparente…
Sabendo que ela já tinha partido
E que o deixara a seu lado
Ferido
Por ela
Pelos dois
Pelo que construíram
Uma espécie de sonho tornado real
Um sonho agora reduzido a cinzas
Por onde ele andava
Divagava
Tal como um deus
Depois de ter destruído um universo
Dominado por uma lúgubre melancolia
Que mais pelo universo perdido
Lamentava já não ter companhia…