Parte...

Para a montanha que te desafia

Deixa tudo para trás

Porque só no cimo da montanha

Depois de chegares ao seu cume

É que terás paz…

Não a paz da conquista

De ver tudo de cima

Mas a paz de teres vencido um desafio

De não te teres conformado

Apesar de ser mais cómodo

Se tivesses ficado

Mas mesmo com uma multidão

Não sentirias nada nem ninguém a teu lado

E o que escreveres lá em cima

E lançares ao vento

Será todo o teu imenso legado…

Que não ficará completo

Porque tens ainda que partir

Uma lei

Uma regra

Uma convenção

Que foi feita

Não para libertar

Mas como uma espécie de prisão

Que depois de desfeita

Será realmente útil

Pois em cima dos seus cacos

Dos seus restos

Escreverás uma canção…

Que falará de algo de insignificante

Algo em quem ninguém irá reparar

Uma canção

Que falará do amor de um ser

Pela sua liberdade

Pelo direito à livre criação

Pelo direito

À sua liberdade de expressão

Física

E mental

Pelo direito de sermos nós a criar o nosso destino

Pois se obtido

Tal será a nossa maior obra de arte

Algo de belo

Porventura insignificante para o resto do mundo

Mas inquestionavelmente belo

Mas um acto de criação

Que só se obtém

Quando algo se

Parte…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 24/02/2013
Código do texto: T4156819
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