Aquele Dezembro…
Apesar do que se passou
Do que por ele mudou
Acabou por ser um mês qualquer
Porque assim o é
Quando um homem perde a sua mulher…
Acabou por ser irrelevante
Porque a podia ter perdido nessa altura
Como noutra ao acaso
Porque o que importa é que a perdeu
E assim
Nada em si
Ficou como antes…
Antes daquele Dezembro
Onde a única diferença com outra altura
Era
Que naquele inverno
As suas lágrimas se diluíam
E confundiam na chuva…
Que caía de forma impiedosa
Fazendo-o pensar
Se caía
Com essa intensidade
Pela estação onde se encontravam
Ou pelo seu estado de espírito
Mas não
Se tivesse sido na primavera
Ele choraria
Da mesma maneira
Sem o compasso da chuva
Que o achava insignificante
E foi assim que ele fechou o seu livro do tempo
Onde ela estava
Onde estavam as suas memórias
E foi então que ele olhou para o seu presente
O seu hipotético futuro
Pois era isso
Seria isso
O que era realmente importante…