E tudo aconteceu…
De forma tão repentina
Tão imprevista
Que dei comigo acordado
Sem saber
Nem perceber
Porque já não te tinha a meu lado…
Tudo pareceu durar horas
E não anos
Tudo pareceu um absurdo
Do qual dificilmente consegui acordar
Porque a memória me impediu
Teimava em dormir
Sem querer despertar…
Condensando os tais anos
Em minutos
Ficando parada
No que correra bem
Não me deixando por isso perceber o que correra mal
Não me dando acesso aos erros cometidos
Os tais que se revistos
E corrigidos
Fariam
Com que ainda fosse possível estares comigo…
Mas eu sabia bem o que se estava a passar
A memória estava em branco
Num velho mecanismo usado
Inconscientemente
Para nos permitir sobreviver
À dor da perda
Ao arrependimento
De não termos feito o correcto na altura adequada
Eu sobrevivi
Mas ao fazer tal
Perdi o rumo à tua morada
Perpetuando os erros
Que fariam com que tudo morresse
Quando estava a começar
Porque um homem pode ter e ser tudo
Mas não é nada
Quando a memória esta ausente
Na altura de o orientar…