Digo-te…

Até amanhã

Sabendo

Mas não o querendo dizer

Que o amanhã pode estar longe demais

Pode estar à distância de horas

De dias ou de anos

Consoante pulsem os nossos sinais vitais…

Que tanto nos levam a concretizar o tempo na altura certa

Como nos levam a tal adiar

Altura em que o radar que nos assinala a necessidade um do outro

Volte a apitar…

Fumando enquanto falamos

O que pode ser um ritual de circunstância

Ou o último prazer que se dá a um condenado

Pela pena

De não te voltar a ter a meu lado…

E no entanto digo-te tal com desprendimento

De uma forma bem ligeira

Algo que entra em contradição com o que realmente estou a sentir

Que antevê as minhas intenções

Pois se tudo fosse e estivesse bem

Era desnecessário falar

Porque de forma natural

E nada formal

Nos iríamos encontrar…

E assim este cigarro

Esta conversa

Tem o peso de uma certa eternidade

Tem o peso de uma despedida

Tem o peso de uma ausência

Que mesmo antes de acontecer

Já começa a causar uma ferida

Que só passará

Quando

Perto ou longe

Tal palavra ser apenas mais uma inexpressiva

No meu dicionário de afectos

Quando ao pensar em ti

Possa pensar muitas coisas

Mas nunca mais

Como a minha mais desejada companhia…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 13/02/2013
Código do texto: T4137746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.