Sinto o tempo a passar…
No vento que circula livremente por mim
Quando antes não o ousava
Porque
Reparei
Derrubaram uma árvore que lhe servia de obstáculo
E que desde sempre me recordo de nesse lugar estar
E agasalho-me para esta nova eventualidade
Enquanto
Sinto o tempo a passar…
No teu olhar
Não pela invasão de rugas
Mas porque a cada dia vejo minguar os sorrisos
Noto que onde existia alegria
Tal espaço foi ocupado por mutismos…
E assim me magoam mais os silêncios
Do que certas palavras
Que costumavas usar
Sinto então uma espécie de rendição
Perturbadora
Sinto o tempo a passar…
Mas não noto tal em relação a mim
Porque estão algo intactos
Os sentires
As sensações
Que desde o começo costumamos trocar
E sinto-me um privilegiado
Porque te rendeste perante a vida
Mas não perante mim
E assim
Vamos continuar
Os dois
Não sentindo o tempo a passar…