Não me venham dizer que não há anjos…
Quando nas ruas vejo gente sem nada
A de outros algo receber
Não esperando nada em troca
A não ser ver
Quem está no chão se poder erguer…
Quando estranhos se cruzam
E a partir do nada
Partilham histórias
Por vezes o mesmo último cigarro
Partilham um pão
Quando esta é em dias
A sua única refeição…
Quando gente feliz
Derrama imensas lágrimas
Por aqueles que sentem
Efectivamente não terem nada
Quando essa gente vai para o mundo
Vai para onde ninguém se atreve ir
Em busca de gente
Que para o resto
Nem é sequer suposto existir
E vão em busca
Para devolver a verdadeira paz a este mundo
Não a paz da ausência de pólvora
Mas a paz demasiado escassa da igualdade
Porque para uns
A paz
O conforto
Só existirá
Quando todos poderem dizer
Que também são filhos de Deus
Sejam crentes
Agnósticos
Ou ateus
Porque somos de facto todos diferentes
Mas somos todos Humanos
E quem sabe disto
E faz de facto por isto
Faz-me dizer
Não me venham dizer que não há anjos…