Algures…algures numa Cidade…
Um homem
Numa rua sem nome
Toca uma guitarra
Tem muito pouco
Mas se não a tivesse
Sente que não teria nada…
Sentindo que o seu som é a única companhia
Efectiva
Porque as pessoas que por ele passam
As pessoas por quem ele passa
Têm o mesmo nome que a rua
E por isso apesar de serem pessoas
A ele não lhe dizem nada…
Não são como a música
Que o faz sorrir
Chorar
Ou pelo menos sentir
Porque aquela guitarra é o único elemento realmente humano
Naquela Cidade
Que o faz sair da indiferença
Sair da melancolia
Que as gentes daquela terra
Elegeram como único sentir
Todos os dias…
Por isso aquela Cidade
É um local sem gente
É uma cidade desumanizada
Ao contrário dele
E da sua guitarra…
Sem cordas
Sem corpo
Fazendo apenas parte da sua imaginação
Que a criou para se sentir vivo
Que imagina sons de encantar
Porque se ela de facto não existisse
Ele seria apenas mais um ser perdido
No meio daquela infinita multidão…