Há Sempre Um Som…
No meio do barulho
Ou simplesmente no meio da multidão
Que se confunde a si própria
Há sempre um som
Que nos serve de salvação…
Um som puro
Ou mesclado com palavras
Que sentimos nosso
E dele nos apressamos a apropriar
Pois esse som
É muitas vezes o despertador
Para o nosso acordar…
Porque estivemos a dormir
Sem darmos por tal
Jurando estarmos acordados
Reparando então
Que não gostamos de facto
De quem se deita ao nosso lado
Reparando com estupefacção
Que esta não é a nossa liberdade
Não votámos para ter este tipo de democracia
Mas resignámo-nos
Deixámos de lutar
E por isso aceitámos
Aquilo que tinham para nos dar
Até que aparece esse som
Que serve tanto de alerta
Como serve de inspiração
Para nos lembrar
Qual é a nossa hibernada condição
Qual a nossa natureza
Onde mora a vocação
Porque estamos definitivamente todos perdidos
Quando deixar de existir um som
Que quando todos digam “sim”
Exista uma pessoa que se atreva a dizer “Não!”…