A eternidade um dia assustou-me…
Porque me sentia indefeso
Ou pelo menos frágil
Perante a sua duração
E o susto era maior
Porque querendo
Sabia que seria impossível
Na minha existência
Abraçar toda a sua imensidão…
Metia-me medo
Porque ela me esmagava
Era a principal destruidora dos meus sonhos
De algumas secretas ambições
De atingindo todos os cantos do espaço
Poder medir assim as suas reais dimensões…
Assustava-me
Porque o seu tamanho me devolvia o tamanho da minha mortalidade
Porque teria que limitar os meus desejos
À duração da minha perenidade…
Mas houve um dia em que decidi deixar de ter medo
Em que renunciei aos sustos constantes
Ao receio de falhar algumas realizações
Passando a olhar essa palavra
Como mais uma que está no dicionário
E que eu nunca hei-de entender
Apenas uma mera palavra que nem sequer faz sentido
Porque só sinto a eternidade
Durante o tempo que demoras a voltar estar comigo…