Lágrimas no Paraíso…

Pedem-nos o impossível

Na altura errada

Na altura em que menos de tal preciso

Recolho-me

E derramo para mim próprio

Lágrimas no Paraíso…

Mordem-se os lábios

Em sinal de contenção

Único sinal

Algo invisível

Da nossa extremada insatisfação…

Cerram-se os punhos

O olhar é crispado

As palavras medidas à letra

Porque nada podemos mostrar

A quem desejamos que seja o nosso alvo…

Porque ele pensa que somos nós

Que lhes servimos de patos na feira

Alvejados para seu prazer

Para seu entretenimento

Mas os patos sabem também disparar

Apesar do seu maior segredo

Ser tal não revelar…

Mas somos modernos

Hoje entre pessoas

E mesmo entre estados

Deixou de haver guerras

E sim “Conflitos de interesses”

Apesar do resultado ser o mesmo

Pois há sempre um opressor

E um oprimido

Embora o jogo possa virar

Sejam as supostas vítimas

A fazer lamentar aos carrascos

Terem obrigado estas a derramar

Lágrimas no seu Paraíso…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/11/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3975682
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