Lágrimas no Paraíso…
Pedem-nos o impossível
Na altura errada
Na altura em que menos de tal preciso
Recolho-me
E derramo para mim próprio
Lágrimas no Paraíso…
Mordem-se os lábios
Em sinal de contenção
Único sinal
Algo invisível
Da nossa extremada insatisfação…
Cerram-se os punhos
O olhar é crispado
As palavras medidas à letra
Porque nada podemos mostrar
A quem desejamos que seja o nosso alvo…
Porque ele pensa que somos nós
Que lhes servimos de patos na feira
Alvejados para seu prazer
Para seu entretenimento
Mas os patos sabem também disparar
Apesar do seu maior segredo
Ser tal não revelar…
Mas somos modernos
Hoje entre pessoas
E mesmo entre estados
Deixou de haver guerras
E sim “Conflitos de interesses”
Apesar do resultado ser o mesmo
Pois há sempre um opressor
E um oprimido
Embora o jogo possa virar
Sejam as supostas vítimas
A fazer lamentar aos carrascos
Terem obrigado estas a derramar
Lágrimas no seu Paraíso…