Farrapos…

Pelo menos uma vez na vida

Seremos feitos de tal

De pano

Ou de rocha

Consoante a força do embate

Que de nós próprios nos separou

Consoante a densidade dos nossos sentires

Que resultam da forma como reagimos a uma adversidade

E da nossa vontade de querermos continuar a lutar

Para que a nossa história

Tenha um final feliz

Porque quando nos destruíram

O que restou de nós

Revelou ser mais forte do que a mais dura rocha…

Mas por vezes

Somos apenas pano

Mero pano

Mas um pano insuspeitavelmente forte

E a rocha insustentavelmente fraca

Depende da forma como nos moldamos

Ou como nos deixamos moldar

De optar por sermos flexíveis

Tanto

A um ponto de podermos facilmente quebrar

Sendo preferível então

Sermos mais resistentes

E menos elásticos

Para que a próxima tempestade

Não nos leve a essência

Deixando um vazio

Quase impossível de colmatar…

Porque um dia alguém disse

“Há que endurecer sem todavia perder a ternura”

Simplesmente

Porque se não conservarmos tal em nós

O que restará de nós

A nossa memória

Será apenas de uma confrangedora

Amargura…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 29/10/2012
Código do texto: T3958452
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