Farrapos…
Pelo menos uma vez na vida
Seremos feitos de tal
De pano
Ou de rocha
Consoante a força do embate
Que de nós próprios nos separou
Consoante a densidade dos nossos sentires
Que resultam da forma como reagimos a uma adversidade
E da nossa vontade de querermos continuar a lutar
Para que a nossa história
Tenha um final feliz
Porque quando nos destruíram
O que restou de nós
Revelou ser mais forte do que a mais dura rocha…
Mas por vezes
Somos apenas pano
Mero pano
Mas um pano insuspeitavelmente forte
E a rocha insustentavelmente fraca
Depende da forma como nos moldamos
Ou como nos deixamos moldar
De optar por sermos flexíveis
Tanto
A um ponto de podermos facilmente quebrar
Sendo preferível então
Sermos mais resistentes
E menos elásticos
Para que a próxima tempestade
Não nos leve a essência
Deixando um vazio
Quase impossível de colmatar…
Porque um dia alguém disse
“Há que endurecer sem todavia perder a ternura”
Simplesmente
Porque se não conservarmos tal em nós
O que restará de nós
A nossa memória
Será apenas de uma confrangedora
Amargura…