Os dias do fim…

Vivemos o absurdo

De estares longe

Quando te sinto mais perto de mim

Vivemos

Os dias do fim…

Na distância distorcida

Física e do desejo

Onde sonhamos demasiadas vezes não com o que nos dá prazer

Mas com o medo

Que nos pode devorar

E assim não podemos dizer que sonhamos

Porque em nós

Essa palavra é sinónimo de pesadelo…

E a cada despertar

Tentamos os sonhos desenganar

Na realidade de os dias

Que uma agonia

Estão apenas a prolongar…

Prolongar o irracional

De um espaço comum

Serem dois

Dos móveis

Mesmo dos espaços mais confinados

Fazerem a vez de vedações

Para evitar

Que caiemos em velhas tentações…

Como aquela de começarmos realmente a falar

De nos olharmos

Como nunca deveríamos ter deixado de olhar

Quando nos tocávamos

E sentíamos realmente tal

Tal não era apenas uma rotina

Tal era um Acontecimento

Antes de termos deixado que o afecto tivesse degenerado em feridas

Porventura insanáveis

Porque ao desistirmos de tudo

Permitimos que o que mais gostávamos acabasse assim

Assistindo desta forma passiva

Sem nada querendo ou podendo fazer para tal contrariar

Assistimos aos nossos

Dias do fim…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/10/2012
Código do texto: T3952764
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