“Cala-te…” II

Disse-lhe ela com ternura

Quando os seus olhos se cruzaram com os dele

E os dele a convidaram para a eternidade

E por isso não queria as palavras que se poderiam seguir

Palavras bonitas

Mas ficariam demasiado longe

Da beleza daquele olhar poderem atingir…

E por isso pediu-lhe o silêncio

Para os seus corpos ocuparem o espaço das palavras

Para se explorarem

Mesmo que já se conhecessem

Para imaginarem nesse som sem som

Uma forma bem própria de se estar

A sua “impressão digital afectiva”

Que mais ninguém conseguiria imitar

Um espaço dentro deles

Onde pudessem dançar…

Porque quando olhou para ele e disse o que disse

Reparou que tanto o Realmente Viu

Como ele a Percepcionou

E por isso essas palavras

Um novo ciclo deles inaugurou…

Um ciclo que começou naquelas horas

Que teve início naquela madrugada

A última

E ao mesmo tempo

A primeira das suas vidas

Onde do nada

Tudo iriam recomeçar

Um nada

Onde os silêncios

E as palavras

Iriam ocupar o mesmo lugar

Uma madrugada onde ela perdeu todas as suas certezas

Excepto uma:

Até a madrugada se esgotar

Era com ele que ela queria estar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/10/2012
Código do texto: T3926613
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