“Cala-te…” II
Disse-lhe ela com ternura
Quando os seus olhos se cruzaram com os dele
E os dele a convidaram para a eternidade
E por isso não queria as palavras que se poderiam seguir
Palavras bonitas
Mas ficariam demasiado longe
Da beleza daquele olhar poderem atingir…
E por isso pediu-lhe o silêncio
Para os seus corpos ocuparem o espaço das palavras
Para se explorarem
Mesmo que já se conhecessem
Para imaginarem nesse som sem som
Uma forma bem própria de se estar
A sua “impressão digital afectiva”
Que mais ninguém conseguiria imitar
Um espaço dentro deles
Onde pudessem dançar…
Porque quando olhou para ele e disse o que disse
Reparou que tanto o Realmente Viu
Como ele a Percepcionou
E por isso essas palavras
Um novo ciclo deles inaugurou…
Um ciclo que começou naquelas horas
Que teve início naquela madrugada
A última
E ao mesmo tempo
A primeira das suas vidas
Onde do nada
Tudo iriam recomeçar
Um nada
Onde os silêncios
E as palavras
Iriam ocupar o mesmo lugar
Uma madrugada onde ela perdeu todas as suas certezas
Excepto uma:
Até a madrugada se esgotar
Era com ele que ela queria estar…