A chuva do nosso tempo…
Chovem bombas nas cidades do Médio Oriente
Chovem lágrimas nas ruas da Europa
Uns são massacrados pelos seus
Outros pelos seus são levados ao extremo desespero
“Para nosso bem”
A desculpa de ambos
Que alimentam assim os nossos fantasmas
Pois sabem que só serão governantes
Não pela força da razão
Mas pela força do nosso medo…
Chovem promessas de um mundo melhor
Cada vez que se vai a votos
Chovem promessas de democracia
Cada vez que se sente
Que um avião robô
Pronto a disparar
Os palácios deles tem debaixo de mira…
Chovem palavras de arrependimento
Quando os que vigiam se sentem vigiados
Quando se apercebem
Que não passarão impunes parte dos seus pecados…
Mas sobretudo chovem mágoas de quem se deixou enganar
Por aqueles
A que o presente e o futuro
Se caiu no erro de confiar
Esperanças
Sonhos
Fé
Tudo isso é roubado
Quando se apercebem
Que sem esta espécie de tesouros
Somos bem mais fáceis de dominar
Por isso escondo os meus
Não os revelo
E a sós
Procuro deles tirar provento
Para estar a salvo do dilúvio por eles criado
A chuva do nosso tempo…