PREDICATIVOS ( A amizade)

Estranho, forasteiro, solitário...?

Modo austero, refinado, quase servil...?

Os olhos, azuis tais como anil,

Mesclados a um semblante solidário...?

Entre outros, são alguns atributos

Que se pode dar a qualquer um,

Pois são tantos e tantos os vultos,

Em nosso meio, nada incomuns

Mas singulares são certos predicativos,

Somente àqueles que os têm,

Não há como se tornarem aditivos

A quem quer que não os cultivem.

Não falo dos traços anteriores

Que podem ser vistos por todos,

Mas sim, daqueles, os interiores,

Que florescem, mesmo apesar do lodo.

Em terra inóspita nada se produz,

A melhor semente morre na cova.

Porém, se há cuidados e alguma luz,

A esperança do fruto se renova.

O homem,também assim, o é,

Se inculto, ao Nada se conduz,

Mas se adubado, e com um pouco de fé,

Sua seara, em atos e fatos, reluz.

Costumamos fazer juízos à primeira vista

De quem pouco ou nada conhecemos,

Não é certo. o Bom ou Mau, seja realista,

É conceito que nós mesmos concebemos.

Este poema dedico ao amigo,

Que ainda há pouco era um estranho

Sabendo que há sempre um abrigo

Em qualquer coração que não seja tacanho.

Amizade é algo que não se ganha,

E muito menos se pode comprar.

Nem é mero objeto de barganha,

Porém, é algo que se pode conquistar.

N.U. 17-09-06 - Riedaj Azuos